O câncer de mama é mais comum em mulheres acima dos 50 anos, mas também pode afetar as mais jovens, em fase reprodutiva.
Com isso, dúvidas sobre como a doença, se ela pode afetar a fertilidade e se existe algum risco adicional, podem surgir.
Neste artigo vamos entender qual é a relação entre a gravidez e o risco do câncer de mama e as possibilidades de uma gravidez após o tratamento do câncer de mama.
A gravidez e o risco do câncer de mama
De acordo com alguns estudos, o risco da mulher desenvolver câncer de mama está relacionado à sua exposição aos hormônios ovarianos – estrogênio endógeno e progesterona.
Fatores reprodutivos que aumentam a duração e/ou os níveis de exposição aos hormônios produzidos pelos ovários, que estimulam o crescimento celular, foram associados a um aumento no risco de câncer de mama.
Esses fatores incluem, início precoce da menstruação, início tardio da menopausa e fatores que podem permitir que o tecido mamário seja exposto a altos níveis de hormônios por períodos mais longos, como a gravidez tardia e nunca ter dado à luz.
Por outro lado, a gravidez e a amamentação, que reduzem o número de ciclos menstruais e, portanto, a exposição cumulativa aos hormônios endógenos, estão associadas a uma redução no risco de câncer de mama.
Além disso, a gravidez e a amamentação têm efeitos diretos nas células da mama, fazendo com que ocorra a diferenciação e maturação celular, para que possam produzir leite.
Alguns pesquisadores levantam a hipótese de que essas células diferenciadas são mais resistentes a se transformarem em células cancerosas do que as células que não sofreram diferenciação.
Fatores relacionados a gravidez que podem reduzir os riscos de câncer de mama:
- Primeira gravidez com idade precoce – Mulheres que têm sua primeira gravidez completa em uma idade precoce têm um risco menor de desenvolver câncer de mama mais tarde na vida. O risco de desenvolver câncer de mama em mulheres que engravidaram antes dos 20 anos de idade, é cerca de metade do que em mulheres que tiveram sua primeira gestão após os 30 anos. Essa redução de risco é limitada ao câncer de mama com receptor hormonal positivo; a idade da primeira gravidez a termo não parece afetar o risco de câncer de mama negativo para receptores hormonais.
- Mais de uma gestação = O risco de câncer de mama diminui com o número de filhos nascidos. Mulheres que deram à luz cinco ou mais filhos têm metade do risco de câncer de mama das mulheres que não deram à luz. Algumas evidências indicam que o risco reduzido associado a um maior número de nascimentos pode estar limitado ao câncer de mama com receptor hormonal positivo.
- História de pré-eclâmpsia – Mulheres que tiveram pré-eclâmpsia podem ter um risco reduzido de desenvolver câncer de mama. A pré-eclâmpsia é uma complicação da gravidez em que a mulher desenvolve pressão alta e excesso de proteínas na urina. Os cientistas estão estudando se certos hormônios e proteínas associados à pré-eclâmpsia podem afetar o risco de câncer de mama.
- Amamentar por mais tempo – A amamentação por um período maior, de pelo menos um ano, está associada a riscos reduzidos de câncer de mama.
Fatores que podem aumentar os riscos de câncer de mama:
- Gravidez tardia – Quanto mais velha for a mulher quando tiver sua primeira gravidez a termo, maior será o risco de câncer de mama. Mulheres com mais de 30 anos quando dão à luz o primeiro filho têm maior risco de câncer de mama do que mulheres que nunca tiveram filhos.
- Parto recente = Mulheres que deram à luz recentemente têm um aumento de curto prazo no risco de câncer de mama que diminui após cerca de 10 anos. O motivo desse aumento temporário não é conhecido, mas alguns pesquisadores acreditam que pode ser devido ao efeito de níveis elevados de hormônios no desenvolvimento de cânceres ou ao rápido crescimento das células mamárias durante a gravidez.
A gravidez após o tratamento do câncer de mama
Algumas mulheres podem pensar que pelo fato de ter tido o câncer de mama não poderão realizar o sonho de ser mãe, mas hoje a realidade é outra.
Muitas mulheres conseguem engravidar após o tratamento do câncer.
Porém, em alguns casos a terapia utilizada pode dificultar essa gravidez e por isso é tão importante que antes de iniciar o tratamento do câncer de mama seja realizada uma conversa com o médico sobre as opções de tratamento.
E, como fica a fertilidade após o câncer de mama?
A fertilidade feminina pode ser afetada de forma significante após a quimioterapia, por exemplo.
Durante o tratamento quimioterápico, os ovários podem ser prejudicados, causando infertilidade em alguns casos. Por isso, antes de iniciar o tratamento, converse com o seu médico sobre suas opções!
Existe algum risco da gravidez e a amamentação provocarem a recidiva da doença?
Como muitos tipos de câncer são sensíveis ao estrogênio, existe uma preocupação de que para as mulheres que tiveram a doença, os altos níveis hormonais resultantes de uma gravidez possam aumentar a chance da recidiva.
No entanto, estudos mostraram que a gravidez não aumenta o risco da recidiva após um tratamento bem sucedido.
Também não existem evidências que o aleitamento materno após o tratamento do câncer aumente o risco da recidiva.
Na verdade, algumas pesquisas sugerem que a amamentação pode reduzir o risco da recidiva.
A criopreservação como alternativa para a preservação da fertilidade após o câncer de mama
A criopreservação é a principal aliada no processo de preservação da fertilidade.
O congelamento de óvulos, espermatozóides, embriões e tecido testicular e ovariano é realizado antes que o paciente inicie os tratamentos para a cura do câncer.
Nas mulheres, após a realização de alguns exames, como avaliação da reserva funcional dos ovários, dosagem de hormônios e ultrassom, é realizada a estimulação ovariana, mesmo procedimento da fertilização in vitro, com o objetivo de recolher alguns óvulos que serão armazenados até que a paciente finalize o tratamento oncológico.
Quanto tempo após o tratamento do câncer de mama é possível engravidar?
Alguns médicos recomendam que as mulheres esperem pelo menos 2 anos após o término do tratamento antes de tentar engravidar.
Para as mulheres com câncer de mama receptor de hormônio positivo, a terapia hormonal auxiliar é normalmente indicada por 5 a 10 anos após o tratamento inicial.
As mulheres que desejam ter filhos durante esse período geralmente são orientadas a fazer terapia hormonal por pelo menos 2 anos antes de interromper e tentar engravidar, e reiniciar o tratamento após o nascimento do bebê.
As recomendações sobre o prazo de 2 anos podem variar de mulher para mulher e sempre deve ser avaliado por um especialista.
Pois lembre-se, alguns fatores como idade, desejo de ter mais filhos, tipo de câncer de mama e os riscos de uma recidiva precoce devem ser considerados.
Existem riscos para o bebê?
Não existem evidências de que o câncer de mama tenha efeito direto sobre o bebê.
O que pode acontecer é um risco aumentado de afetar o desenvolvimento do feto, caso a gravidez ocorra durante o tratamento – quimioterapia, hormonioterapia ou terapia alvo.
Como esses medicamentos podem afetar o desenvolvimento do feto, é mais seguro esperar até o fim do tratamento antes de engravidar.
Também é importante lembrar que a interrupção precoce do tratamento pode aumentar o risco da progressão ou recidiva da doença.
Antes de engravidar, converse com seu médico.
Texto baseado nos originais publicados pela American Cancer Society e pelo National Cancer Institute, livremente traduzido e adaptado.
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