Uma menina de dois anos de idade, tornou-se a pessoa mais jovem a ser submetida a uma nova técnica que pode preservar a sua fertilidade após a quimioterapia.
A garota é a mais nova entre os 23 pacientes com câncer com idades entre 02 e 31 anos, que participaram de um estudo piloto para remoção de tecido ovariano e óvulos imaturos para Criopreservação.
Ao congelar os tecidos antes de serem expostos aos efeitos da quimioterapia, que reduzem potencialmente a fertilidade, a técnica pode proporcionar aos pacientes muito jovens com câncer a possibilidade de ter filhos geneticamente relacionados em um momento futuro na vida.
O professor Timothy Child, da University of Oxford e diretor clínico da Oxford Fertility, onde o estudo piloto está sendo realizado, disse: “Se nós estamos buscando a preservação da fertilidade em meninas adolescentes ou na pré-puberdade, então no mundo como um todo, não pode ser feito muito por eles. Em Oxford, temos tido uma abordagem bem cuidadosa”.
O procedimento envolve uma laparoscopia para remover parte do tecido do ovário, que em seguida é congelado e pode ser transplantado futuramente para ajudar no processo de fertilidade. Os pesquisadores foram ainda mais longe e também conseguiram extrair óvulos imaturos a partir dos folículos. Estes óvulos foram maturados in vitro e depois congelados. Como diz um ditado popular “mataram dois coelhos com uma só cajadada”, disse o Professor Child. “Nós congelamos o tecido e os óvulos amadurecidos.
Até agora, cerca de 50 bebês nasceram ao redor do mundo a partir do congelamento de tecido ovariano, principalmente de adultos ou crianças mais velhas. Porém ainda existiam dúvidas sobre se o procedimento iria funcionar com garotas na pré puberdade, mas no início deste ano uma mulher de 23 anos, recebeu um transplante do tecido ovariano congelado quando ela tinha oito anos de idade. Com dois anos de idade, a paciente envolvida neste estudo pode ser considerada a pessoa mais jovem que teve seu tecido congelado.
A capacidade de isolar óvulos imaturos também pode oferecer mais vantagens sobre o congelamento de tecido ovariano.
O Professor Stuart Lavery, ginecologista consultor no Hammersmith Hospital e que não estava envolvido no estudo, disse: “No futuro, a ideia é recolocar esses pequenos pedaços de ovário de volta na própria pessoa, mas sempre existe a preocupação sobre a possibilidade de ainda haver células cancerígenas.
“O que este estudo mostra é que eles foram, de fato, capazes de fazer crescer e isolar alguns óvulos a partir deste tecido – com isso a ideia que no futuro os óvulos possam ser utilizados sem ter que transplantar o ovário de volta.“
Os achados do estudo foram apresentados na Conferência Anual da European Society of Human Reproduction and Embryology em Helsinki.
Escrito por: Dra. Rosie Gilchrist
Este artigo foi publicado originalmente em inglês pela BioNews, para ler o artigo original por favor acesse:
Eggs successfully grown from two-year-old cancer patient.
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