Conheça a criopreservação terapêutica de espermatozóides – solução eficiente e viável – para preservar a capacidade reprodutiva de pacientes com câncer, garantindo sua fertilidade futura.
Os avanços terapêuticos em Medicina têm permitido melhores prognósticos para homens acometidos por neoplasias de diferentes etiologias. Porém, efeitos adversos acarretados pela própria patologia ou pelo uso de quimioterápicos e radioterapias podem acometer parcial ou totalmente na função reprodutiva do paciente, resultando em danos irreversíveis aos testículos, devido ao comprometimento das espermatogônias.
Uma solução eficiente e viável é a criopreservação terapêutica de espermatozóides previamente aos tratamentos de radioterapia e quimioterapia, com o objetivo de preservar a capacidade reprodutiva destes pacientes, garantindo sua fertilidade futura.
O congelamento de sêmen não é uma técnica recente, sendo o primeiro relato na literatura científica do ano de 1949. Décadas depois, o procedimento pode ser considerado de rotina em centros de Reprodução Assistida. O material, após preparo em soluções crioprotetoras apropriadas, é estocado em nitrogênio líquido à temperatura de -196°C. A esta temperatura o metabolismo se encontra suspenso, e as células podem ser mantidas por décadas sem perda de viabilidade. As novas técnicas de criopreservação, como a preservação em pílulas ou no interior de zonas pelúcidas evacuadas permite a conservação de espermatozóides mesmo em quantidades muito pequenas.
A ICSI (Intracytoplasmic Sperm Injection) é uma técnica de microinseminação in vitro, na qual um único espermatozóide viável é introduzido no citoplasma do óvulo gerando fertilização normal. Esta técnica, introduzida em 1992, possibilita a fertilização com amostras de sêmen de qualidade inferior, com baixas concentrações de espermatozóides e com motilidade anormal.
No entanto, em trabalho realizado nos EUA, os resultados mostraram que apenas 27% dos pacientes com indicação adequada tiveram seu sêmen criopreservado, e somente 26% dos oncologistas conheciam o procedimento de ICSI. No Brasil, estes dados são inexistentes, mas estima-se que menos de 5% dos pacientes em idade reprodutiva têm seu gametas criopreservados. Os autores desta pesquisa recomendaram fortemente a criopreservação terapêutica de sêmen em todos os pacientes em idade reprodutiva previamente a serem submetidos a tratamentos que afetam a função testicular e com o desejo de gerar filhos no futuro.
Os resultados de gestação usando-se o sêmen após descongelamento são considerados excelentes, com taxas de gestação cumulativas de 45% a 65%.
Outras indicações para a criopreservação de sêmen seriam a estocagem pré-vasectomia, a criopreservação de espermatozóides obtidos durante microcirurgias (MESA, PESA, TESE, TESA), disfunções eréteis, entre outras.