Entenda o que é essa doença e como ela pode afetar a sua fertilidade
A adenomiose pode ser definida como a presença de tecido endometrial no miométrio, ou seja, é uma condição em que o tecido do endométrio (células que revestem a parede uterina) está presente também na parede muscular interna do útero (miométrio).
Para que fique mais claro, explicamos de forma resumida a anatomia do útero.
O útero é formado por três camadas:
- Endométrio – camada interna composta por glândulas, onde ocorre a implantação embrionária;
- Miométrio – camada intermediária composta por músculo, responsável pelas contrações no momento do parto;
- Serosa – camada externa que separa o útero de outros órgãos da pelve, como os intestinos por exemplo.
A adenomiose pode ser de duas formas, muito disseminada, conhecida como adenomiose generalizada ou localizada. Quando local, pode formar nódulos dentro do miométrio, os adenomiomas.
Acomete em geral mulheres entre 40 e 50 anos, mas pode ser encontrada eventualmente em pacientes mais jovens com quadro de sangramento uterino anormal e dismenorréia.
Evidências recentes correlacionam a existência da adenomiose com a infertilidade e resultados negativos, quando se emprega técnicas de reprodução assistida.
Quais são as causas e sintomas da Adenomiose?
Sintomas mais comuns
A adenomiose pode causar sintomas como sangramento intenso durante o período menstrual, sangramento fora do período menstrual, dor menstrual (dismenorréia), dor durante ou após o sexo (dispareunia) e infertilidade.
Embora 35% das mulheres com adenomiose sejam assintomáticas (segundo dados da Febrasgo), as que possuem os sintomas podem apresentar um quadro intensamente doloroso, com dor incapacitante durante a menstruação e sangramento menstrual prolongado.
Possíveis Causas
A adenomiose pode ter várias causas, embora nenhuma tenha sido identificada de forma definitiva.
Existe uma associação entre a presença de adenomiose e o número de vezes que uma mulher deu à luz: quanto mais gestações, maior a probabilidade de ter adenomiose.
Mulheres com adenomiose também tiveram com frequência um trauma no útero, ocasionado por uma cirurgia uterina ou durante uma cesariana.
Adenomiose x Endometriose
As mulheres com adenomiose geralmente também apresentam endometriose, mas são duas patologias diferentes que podem ter uma correlação comum na sua etiologia.
Na endometriose, células semelhantes às que revestem a cavidade do útero (endométrio) são encontradas em outras partes do corpo, como nas trompas de falópio, nos ovários, no intestino, na bexiga ou no peritônio (tecido que reveste a pelve). Mais raramente podem ser encontradas até nos pulmões, endometriose pulmonar.
A Adenomiose é uma doença comum?
Assim como na endometriose, não se sabe exatamente quantas mulheres podem ter a adenomiose. O que torna o impacto da adenomiose tão difícil de se determinar é que comumente esta condição é detectada durante exames de imagem de rotina, mesmo quando a mulher não se queixa de qualquer sintoma, o que significa que muitas mulheres podem ter a patologia e não saberem disso.
Como geralmente a adenomiose é encontrada em mulheres que possuem outras patologias, como por exemplo a endometriose, é difícil determinar qual condição causou os sintomas.
Atualmente, não se sabe ao certo porquê algumas mulheres com adenomiose apresentam sintomas e outras não.
Como a adenomiose pode ser diagnosticada?
O diagnóstico da adenomiose deve ser realizado pelo médico ginecologista e normalmente é feito por meio da observação clínica de sintomas como dor, sangramentos intensos ou queixas de dificuldade para engravidar e exames de imagem. O diagnóstico invasivo também pode ser necessário em alguns casos.
No diagnóstico não invasivo podem ser realizados exames de imagem como a Ultrassonografia transvaginal, Histerossalpingografia e a Ressonância magnética.
O mais comum e acessível é o ultrassom, no entanto, a experiência do examinador e a qualidade do equipamento podem interferir na performance do exame.
A ressonância magnética (RM) é a melhor opção, pois é um método diagnóstico de elevada acurácia apresentando alta sensibilidade (70-88%) e especificidade (67-93%).
A vídeo-histeroscopia com biópsia dirigida também pode ser um meio diagnóstico, porém é um método invasivo e não comumente indicado para este fim.
O diagnóstico de certeza é dado por estudo anátomo-patológico realizado no útero após retirada do mesmo (histerectomia), porém, tal procedimento só é realizado em mulheres que já tem filhos e apresentam fluxo menstrual intenso após falha de tratamentos clínicos mais conservadores. Em pacientes que querem engravidar esta conduta jamais pode ser indicada.
Como é realizado o tratamento da adenomiose?
O tratamento da adenomiose varia conforme os sintomas e o diagnóstico realizado pelo ginecologista, mas de forma geral é feito com uso de medicamentos (terapia hormonal e anti-inflamatórios) ou por meio de procedimentos cirúrgicos para remover o excesso de tecido ou remoção total do útero, estes dois últimos procedimentos em casos específicos e após discussão com a paciente.
E afinal, a Adenomiose pode afetar a fertilidade?
Existem evidências de que a adenomiose pode reduzir a fertilidade, mas isso ainda é um assunto controverso. Os estudos clínicos são limitados por dificuldades e diferenças no diagnóstico e o formato dos estudos apresentam problemas.
Alterações funcionais e estruturais decorrentes da adenomiose parecem estar relacionadas com a falha na implantação embrionária e consequente a infertilidade. Portanto, a adenomiose é uma doença com um impacto negativo na fertilidade.
Outro fator que relaciona a adenomiose com a infertilidade é que em boa parte dos casos, a adenomiose está associada à endometriose, doença que atualmente é considerada um dos principais fatores de infertilidade feminina.
Fontes:
infertile.com/adenomyosis
medicine.uq.edu.au/article/2018/11/what-adenomyosis
tuasaude.com/adenomiose
Consulte um médico ginecologista ou um médico especialista em reprodução humana, pois só ele poderá solicitar os exames recomendados e indicar o melhor tratamento para o seu caso.
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